O paraense Guilherme Paraense, não mereceu
uma citação, nem da organização dos jogos, nem do estado natal. Nosso ídolo
esquecido. O primeiro medalhista olímpico brasileiro, o primeiro a levar a bandeira
nacional na maior competição esportiva mundial.
Um paraense que morreu esquecido e que permanece como um ilustre
desconhecido em sua terra, mesmo tendo levado o nome deste estado no nome.
Guilherme Paraense nasceu em Belém, no dia 25 de junho de 1885. Foi o primeiro
atleta brasileiro a ganhar uma medalha de ouro nos Jogos de Antuérpia, em 1920,
permanecendo o único por 32 anos, até que Adhemar Ferreira da Silva igualasse
sua conquista no salto triplo, em Helsinque, em 1952.
Primeiro-tenente do Exército, Paraense foi campeão brasileiro de tiro em
1913, 1914, 1916 e 1917 e campeão carioca em 1915 e 1918. Tinha 35 anos quando
competiu pela primeira vez nas Olimpíadas, no dia 3 de agosto de 1920. As
disputas do tiro realizaram-se em um campo de manobras do exército belga em
Beverloo, vizinho a Waterloo, o famoso lugar onde o exército de Napoleão havia
sido derrotado. Na prova de pistola de tiro rápido, com 30 tiros a 30 metros do
alvo, Guilherme acertou em cheio o último deles, que decidiu a medalha.
Competiu com armas emprestadas.
Foi também teve a honra de ser o primeiro porta-bandeira olímpico do
Brasil. Como o desfile de abertura ocorreu somente em 16 de agosto, treze dias
depois da conquista do ouro, seu nome foi uma unanimidade para carregar o
símbolo máximo do país.
O primeiro herói brasileiro nunca mais voltou a competir em Olimpíadas e
morreu esquecido pelo pais e pelo estado de origem, vítima de um enfarte, aos
82 anos, no Rio de Janeiro.