Os Brasileiros tem se emocionado com o gestos dos atletas. As forças armadas patrocinam os atletas sendo militares ou não. O Regulamento de Continências, Honras e Sinais de Respeito prevê que 'continência é a saudação do militar.
No judô, a maioria dos atletas do Brasil que subiu ao pódio repetiu um gesto. Quando a bandeira verde e amarela era hasteada, prestavam continência. Estando o atleta em primeiro, segundo ou terceiro lugar. Com o hino brasileiro tocando ou não. O mesmo aconteceu nas provas de natação neste Pan-Americano de Toronto.
O motivo? Todos são militares e receberam treinamento para isso.
Segundo a judoca Mayra Aguiar, atual campeã mundial e que saiu dos Jogos
Pan-Americanos de Toronto com uma medalha de prata, foi feito um pedido dos
militares à delegação brasileira para isso.
"Na verdade, eles pediram pra fazer. Mas é uma coisa da
gente. A gente ficou na iniciação um mês, lá dentro. Aprendeu muita coisa e
pegou o espírito do militarismo", diz Mayra, terceiro sargento da Marinha.
Outros atletas negaram que seja uma exigência. "Represento
o Exército brasileiro. Somos ensinados que, sempre que o hino toca, o militar,
por respeito, tem de bater continência e ficar em posição de sentido. É uma
forma de respeito pela minha bandeira e meu país", completa Léo de Deus,
campeão dos 200m borboleta. "É pelo orgulho que temos de representar
as Forças Armadas", completa o também judoca Luciano Correa.
A questão polêmica é como a continência é percebida. Algumas
pessoas verão razões políticas no gesto militar. Outros, mais céticos, olham
para a mão erguida ao lado da cabeça, ouvem o discurso dos atletas e levam o
raciocínio para outro caminho: as Forças Armadas são patrocinadores. Os atletas
recebem salários. Fazer propaganda ou manifestar-se politicamente é proibido em
eventos como o Pan. Principalmente na cerimônia de medalhas.
Bernard Rajzman, porém, não vê qualquer publicidade no gesto.
"De maneira alguma [vejo como forma de propaganda ou marketing]",
afirma o chefe de missão do COB no Pan. "Acho absolutamente normal, uma
forma de respeito à bandeira. Eles não precisam fazer, mas eu acho um gesto
lindo, me emociona. É uma honra que o atleta sente".
"Além de representar o Exército, eles ajudam bastante.
Fazem de tudo para dar suporte, não pegam no nosso pé. Deixam a gente trabalhar
tranquilo", fala Léo de Deus. "É um orgulho poder prestar essa
homenagem e lembrar quem está nos ajudando", diz Mayra.
Para os dirigentes brasileiros, não há problema na manifestação.
"No judô é natural. O primeiro atleta campeão mundial militar foi o Wagner
Castropil em 1994. Depois, o Sebastian Pereira em 2000. Isso vem de muitos
anos. É uma tradição nas Forças Armadas ter judocas. Aqui, é uma coisa tratada
como natural", analisa Ney Wilson, gerente de alto rendimento da
Confederação Brasileira de Judô.
Para Ricardo Leyser, secretario executivo do Ministério do
Esporte, também não há problema na prática. "Esses atletas estão
incorporados às Forças Armadas. É um projeto do Ministério da Defesa com o
Ministério do Esporte, que começou com os Jogos Militares no Rio. Após
2011, as Forças Armadas não tinham recursos para manter os atletas e fizemos
uma parceria. As Forças Armadas pagam salários, o Ministério do Esporte custeia
as viagens para competições".
Esse programa militar envolve 600 atletas, divididos entre
Aeronáutica, Marinha e Exército. São 123 atletas na delegação que está em
Toronto no grupo. Todos recebendo salários, que podem chegar a R$ 4 mil, para
defender o Brasil em competições esportivas. Sendo elas militares ou não.
No início da tarde, o COB
também emitiu uma nota sobre
o assunto: "O Regulamento de Continências, Honras e Sinais de Respeito
prevê que 'continência é a saudação do militar'. É um sinal de respeito que
deve ser prestado, estando ou não com a cabeça coberta. Reza ainda que o
militar da ativa deve, em ocasiões solenes, prestar continência à Bandeira e Hino
Nacional Brasileiro e de países amigos. É bom notar que esses atletas não são
militares apenas quando estão fardados, mas sim, todo o tempo. O COB entende,
portanto, que a continência, além de regulamentar, quando prestada de forma
espontânea e não obrigatória, é uma demonstração de patriotismo, sem qualquer
conotação política, perfeitamente compatível com a emoção do atleta ao subir no
pódio e se saber vencedor. Segundo muitos deles, representa também um
reconhecimento pelo apoio que recebem das Forças Armadas e uma manifestação do
orgulho que têm em representar o país".
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